O Ministério Público do Trabalho publicou a Nota Técnica 01-2021, com o objetivo de indicar as diretrizes a serem observadas pelas empresas, sindicatos e órgãos públicos da administração pública a fim de garantir e preservar a saúde das trabalhadoras gestantes e puérperas durante a segunda onda de pandemia do coronavírus.
As recomendações do MPT não têm força de lei, contudo são parâmetros que serão utilizadas pelo Ministério para as denúncias e/ou fiscalizações.
Entre as sete medidas abordadas pelo MPT estão garantir sempre que possível, o direito às funcionárias em estado gravídico prestarem seu trabalho de forma remota.
A Nota Técnica ainda elucida que as gestantes, que o trabalho não seja compatível com Home Office, sejam dispensadas do trabalho presencial, em caso de acentuado risco de contaminação no convívio social, assegurada sua remuneração.
Além disso a Nota Técnica menciona que seja adotado plano de contingenciamento, designando-as para outros setores de menor risco de contágio, bem como alerta que a dispensa de trabalhadoras gestantes nesse período de pandemia pode vir a configurar hipótese de dispensa discriminatória.
A recomendação é que as empresas observem e procurem seguir as diretrizes da nota técnica do MPT para as suas colaboradoras gestantes para evitar celeumas futuras de denúncias e/ou fiscalizações.
NOTA TÉCNICA 01/2021 DO GT NACIONAL COVID-19
Medidas e diretrizes:
- RETIRAR da organização das escalas de trabalho presencial as trabalhadoras gestantes;
- GARANTIR, sempre que possível, às trabalhadoras gestantes, o direito a realizar as suas atividades laborais de modo remoto (home office), por equipamentos e sistemas informatizados, quando compatível com a função;
- GARANTIR que trabalhadoras gestantes sejam dispensadas do comparecimento ao local de trabalho, no caso de não ser compatível a sua realização na modalidade home office, com remuneração assegurada, durante todo o período em que haja acentuado risco de contaminação no convívio social, podendo ser realizado o afastamento pautado em medidas alternativas, como: interrupção do contrato de trabalho; concessão de férias coletivas, integrais ou parciais; suspensão dos contratos de trabalho (lay off), suspensão do contrato de trabalho para fins de qualificação (art. 476-A da CLT), entre outras permitidas pela legislação vigente, aptas a garantir o distanciamento social, tendo em vista a condição de grupo de risco;
- GARANTIR às trabalhadoras gestantes que, na impossibilidade da execução das funções na modalidade à distância, sucessivamente, seja adotado plano de contingenciamento, designando-as para outros setores de menor risco de contágio (seja em setores preferencialmente com atividade em home office ou setores com reduzido número de trabalhadores, em espaços arejados ou isolados), com direito a rodízio de escalas de jornada e a horários de trabalho que permitam o deslocamento por transporte público fora dos horários de maior movimento, quando não seja garantido o transporte fretado;
- ACEITAR o afastamento de gestantes mediante atestado médico que ateste a condição gravídica, vedada a exigência de atestados médicos contendo Código Internacional de Doenças (CID), uma vez que a gestantes se enquadram no conceito de grupo de risco, não configurando o estado gravídico nenhuma patologia.
- OBSERVAR que a ausência de condições pessoais, familiares, arquitetônicas da trabalhadora gestante para realizar suas atividades em home office ou sua dificuldade de adaptação à essa modalidade de prestação de serviço não configura hipótese de justa causa para a rescisão contratual.
- ALERTAR que a dispensa de trabalhadoras gestantes nesse período de pandemia pode vir a configurar hipótese de dispensa discriminatória prevista no art. 373-A, inciso II, do Decretolei n. 5452/43 (CLT) e art. 4º. da Lei 9.029/99
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